Reunião deu continuidade à mobilização, em SP, rumo à Cúpula dos Povos Frente ao G20, que ocorre em novembro no Rio de Janeiro
Por Flaviana Serafim – Rede Jubileu Sul Brasil
O Comitê Paulista da Cúpula dos Povos Frente ao G20 realizou plenária estadual no último dia 24 (sábado), com representantes de organizações da sociedade civil, do movimento feminista, estudantil, sindical e outros movimentos populares, no Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social no Estado de São Paulo (Sinsprev), no centro da cidade.
A plenária dá continuidade à organização para que as entidades e movimentos do estado paulista se mobilizem e participem da Cúpula dos Povos Frente ao G20, uma atividade autônoma e independente, em paralelo à programação oficial da Cúpula do G20 que vai reunir chefes de Estado e de governo das maiores economias do mundo (G20), de 18 a 19 de novembro próximo, no Rio de Janeiro. A Cúpula Frente ao G20 reúne cerca de 100 entidades e movimentos sociais do Brasil e do exterior, e será lançada oficialmente neste 14 de setembro, a partir das 15h, na Via Ápia da Rocinha.
A exemplo da Cúpula dos Povos da Rio+20, em 2012, o coletivo de entidades que convocam a mobilização neste 2024 visa disputar a agenda e promover um debate crítico à Cúpula do G20, construir alternativas frente aos desafios da conjuntura e denunciar as falsas soluções que os países membros do Grupo dos 20 propõem às múltiplas crises da atualidade. A Cúpula Frente ao G20 começa no próximo 16 de novembro e termina no dia 18, com ato público na capital fluminense.
G20, crises do capitalismo e falsas soluções
A socióloga Rosilene Wansetto, secretária executiva da Rede Jubileu Sul Brasil, abriu a plenária falando sobre as origens, as políticas e as formas de atuação do grupo. Ela recordou que as origens do G20 remontam à crise asiática dos anos 1990, numa tentativa de promover estabilidade econômica, e que na crise financeira de 2008 ganhou relevância maior ao atuar em conjunto com o Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional, buscando “dar uma resposta a uma crise que o próprio capitalismo cria. E aqui um destaque – o Banco Mundial e FMI há 80 anos praticam políticas neoliberais em nossos países”.
Wansetto disse que as decisões e políticas defendidas pelo G20 são relevantes à população porque não se aplicam exclusivamente aos países membros do grupo, “mas a todos os países do mundo, como as políticas de austeridade fiscal, e agora o financiamento para o clima, incorporado pela crise com as mudanças climáticas”. Ainda segundo a socióloga, apesar dos impactos que as decisões do G20 têm no cotidiano, o grupo é “semiformal” e se utiliza da formalidade que têm o Banco Mundial e o FMI para implementar suas políticas.
“Não tem estatuto, normas, regras, mas tem essa legitimidade formal de definir políticas? Ressalto que tanto FMI quanto o Banco Mundial e o G20 vivem das crises praticadas e criadas por esses países e por essas instituições financeiras internacionais. Fazem parte do modelo capitalista neoliberal com suas políticas austericidas, reforçando a ideia e a prática do Estado mínimo para os direitos e máximo para o capital, aprofundando o endividamento dos países”, critica.
Sobre a atuação dos movimentos sociais e organizações frente ao G20, a secretária executiva enfatizou a necessidade de se “denunciar as falsas soluções que os países do grupo propõem, a exemplo do mercado de carbono e os ‘títulos verdes’ que exploram e financeirizam a natureza para gerar lucro em vez de reduzir a crise climática”, conclui.
Militante da Marcha Mundial de Mulheres, Maria Fernanda Marcelino deu continuidade à plenária falando sobre o conjunto da agenda de mobilização, e explicando a diferença entre a Cúpula dos Povos Frente ao G20 e o G20 Social – este foi criado pela presidência brasileira no G20, na tentativa de ampliar a participação de atores não-governamentais no Grupo dos 20, e integra a programação oficial da cúpula de lideranças globais. “São falsas soluções porque esses países que apresentam propostas são os mesmos responsáveis pela pobreza e as desigualdades no mundo”, afirma.
Regina Jerônimo, do Movimento de Trabalhadores e Trabalhadoras por Direitos (MTD), informou sobre os grupos de trabalho engajados na organização e, ao final, a plenária encaminhou como próximos passos ações de formação sobre o G20 nas bases e a produção de um material de divulgação unitário. A próxima reunião está prevista para outubro.
Para entender o G20
A Rede Jubileu Sul Brasil (JSB) está engajada na mobilização para a Cúpula dos Povos Frente ao G20 e produziu, em conjunto com outras organizações e o Brics Policy Center (PUC-RJ) o Caderno para entender o G20. A publicação tem o objetivo de familiarizar os participantes, de uma forma geral, sobre os significados das diversas nomenclaturas do G20 (como Trilhas, Sherpas, DWG, ACWG, Think Tanks, Grupos de Engajamento e de Trabalho), com conteúdo apresentado de forma clara e acessível.
O caderno traz o histórico, os termos e desafios do G20, e as diferentes visões sobre os limites e possibilidades da presidência brasileira no grupo dos 20. Baixe clicando aqui.
Também foram produzidos três boletins informativos sobre o que é e o que está em jogo no G20, destacando como as políticas do grupo impactam na vida cotidiana. Confira.
Boletim 1 – G20: onde os ricos garantem seus privilégios
Boletim 2 – G20 no Rio de Janeiro: “Construindo um mundo justo e um planeta sustentável” para quem?
boletim-G20_informativo 3 – site
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Fuente: Jubileu Sul Brasil